sábado, 31 de dezembro de 2016

A Lenda de Festabole

História !
Palavra com origem no antigo grego "historie", que significa "pesquisa, conhecimento através da investigação ".
É a ciência que investiga o passado da humanidade e o seu processo de evolução.
A História verifica a informação do passado a tudo o que se refere ao desenvolvimento das comunidades humanas, assim como os acontecimentos, fatos ou manifestações da actividade humana no passado.
Os historiadores usam várias fontes de informação para construir a sucessão de processos históricos, como, por exemplo, escritos, gravações, entrevistas (História oral), lendas e achados arqueológicos.
Os suevos no seu percurso desde a Europa Central até à Gallaecia
Imagem do Blog : Gallaecia
http://breoghain.blogspot.pt/

Ora, pela lenda, Hermenerico Rei dos Suevos , fundou a cidade do Porto, no ano 417, no sítio das Aldas , com o nome de Festabole ( que em suevo significava " Porto Chan ( Porto Chão ) que traduzido significaria " Lugar mais alto " ou Praia nova " ) . Era normal nesta época, os novos senhores alterarem os nomes das terras conquistadas em substituição dos antigos nomes, simbolizando assim, uma nova fundação do " locus " ou " civitas ".
Após uma cuidada pesquisa, Américo Brandão reuniu um conjunto de documentos de vários escritores clássicos que fizeram menção a " Festabole ", são eles :





" MONARCHIA LUSYTANA " DE FREI BERNARDO DE BRITO
...um presídio a que deu o nome de Portucale novum, para o destinguir do velho que lhe ficava fronteiro. E teve também o de Festabole, que na língua Sueva significava " Como porto ou Praia nova ". ...Deste presídio ou castelo, é que nasceu esta Cidade do Porto. Que foi levantada pelo ano de 417 da era Crista, no sítio das Aldas

ORDEM DOS EREMITAS DE SANTO AGOSTINHO EM PORTUGAL ( 1256 - 1834 ) POR DOMINGOS VIEIRA
em 400 da Era Christã: edificarão da outra parte, isto he, na direita do Douro, os Suevos huma Povoação à que chamaram Festabula, que quer dizer – Porto, e daqui Porto de Cale, Portus Cale ou Portus Gaiae, e à todo o reino o nome de Portugal.

OCAMPO FLOREZ
…em esta barbara nação, costumada a viver em aldeias, segundo o mesmo César, tinha brio para de propósito fundar cidades; e, se o tinha, como vencedora e arrogante, é graça dizer que fundou o Porto com o nome Festabole, porque nunca o tal nome foi por cá lido nem ouvido, além d'esta cidade ser mais antiga que os suevos em Hespanha

AS CENDENS DA PROVÍNCIA DE GALIZA- AGIOLÓGIO LUSITANO (III)
deixamos provado que foi Braga no espiritual, e temporal cabeça da Província de Galiza, na qual se incluíam as cidades do Porto (chamada dos Suevos Festabole) Britonia, Cinánia, Flavia Lambria, Bragança (que conforme Juliano, foi a antiga Iuliobriga) Forum Limicorum (que é Ponte de Lima) Tuy, Iria Flavia (que é o Padrão) Orense, Lugo, Astorga, e outras,

SÁRMATAS: ATACES  - HISTÓRIA
Cerca do ano de 417, Ataces desejando mais terras, saiu com o seu exército invadindo os territórios dos Suevos, ao qual tirou todo o território que lhe tocou receber ainda incluído nos limites da Lusitânia, Os alanos não conseguiram, apesar de muitos esforços, conquistar  Festabole , devido o apoio dos romanos locais aos suevos, os Alanos empurram os Suevos até à margem direita do rio Douro, onde hoje se situa a cidade do Porto.

LENDAS E NARRATIVAS , ARRAS POR FORO DE ESPANHA - ALEXANDRE HERCULANO
^e os mansos palafréns as para as vastas e bemprovidas cavalariças do mui devoto e poderoso prelado da antiga Festabole

" IGREJAS E CAPELLAS DA FREGUEZIA DA SE " - A SÉ DO PORTO DE FERNANDO DA SILVA CARVALHO LIMA
Festabole, nel  Portugale, Festabole, que por outro nome se diz Portugal, e Garcia de Loisa nas Anotações do Concilio de Lugo diz: Portugale, Festabole, quoque appellabatur, que o Porto se chamava tambem Festabole que em lingoa Sueva tanto val como Praia Nova ou Porto Chão, o que seria diferença da povoação antiga que estava em logar mais alto e de peor serventia que a presente."

ESPANÃ SAGRADA
Mas estraño es el nom bre de Festabóle , que en ladi vsion atribuida al Rey Vamba se aplica á Porto , al tiempo de referir las Iglesias su getas á Braga : Festabole , vel Portucale, como verás en Loay sa pag. 144. y en mi Tomo 4. pag. 248.

CATALOGO DOS BISPOS DO PORTO POR D. RODRIGO DA CUNHA
Os suevos foraó os fundadores do nouo Porto de que em tempo chamou se primeiro Portucale Novum ou Festabole

ANTONIO VIEYRA , JACINTO DIAS DO CANTO – 1827 ENGLISH LANGUAGE
... Festabole, so they anciently called the city of Porto in Portugal. Festàõ, s. in. a festoon, flowers, or fruit-work graven in chap tera of pillars,  ...

DIÁRIO DA CIDADE DO PORTO
" Todos os escritores clássicos concordam, em que, a fortaleza e povoação romana de Castrum-Novum, depois chamada pelos suevos Festabol (Porto Novo, ou Praia Nova) era em frente de Porto-Cale, e exactamente no sitio onde hoje existe a Sé e ruas circunferentes. "

ACADEMIA REAL DA HISTÓRIA PORTUGUESA -  MANOEL TELLES DA SILVA ALEGRETE (MARQUÉS DE), NUNO DA SILVA TELES
Nem contra esta conclusão pode subsistir dizerse, que os Suevos fundarão de novo a Cidade do Porto no síitio aonde está agora , chamando lhe Festabole , e ...

GASPAR ESTAÇO – 1625
cidades d'este nome Portucale, hua noua,onde hora esta o Porto, a quai diz,que ... Continua dizendo , que os Sueuos deram o nome de Festabole, a este ...

JERÓNIMO CONTADOR DE ARGOTE – 1732
Naó duvido porém , que lhe chamassem Festabole, que na sua língua ... o Porto , e do nome Calle , que significava a Cidade , ou Povoação de Calle, hoje

RAFAEL BLUTEAU – 1713
He o nome, que anti- ganeutc cs Succos, ou Sucvos de Portugal puzeraò à Cidade do Porto, no síìtio,  que agora esta. Festabole, em Lingoa Sueva val o ...

Representação de Guerreiro Suevo

Ora se a História também é constituída por lendas (e para o comprovar o exemplo mais próximo até será a lenda do nascimento do Infante D. Henrique na Casa do Infante, pois não existe nenhum documento que comprove que o Infante ali nasceu), a lenda de Festabole será também parte integrante da História da Cidade do Porto.
Sendo assim, o Porto, realizará neste ano de 2017, 1600 anos com o estatuto de cidade !
A Porto Mítico, deseja que esta data tão importante para a cidade não fique no rol do esquecimento, e assim, tudo fará para que na cidade do Porto se celebre e festeje esta data de tão grande simbolismo tanto para a cidade como para os seus habitantes !

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Um adeus ao Centro Histórico do Porto, mas não definitivo !

ANTÓNIO JOSÉ DOS SANTOS SILVA, actualmente, entre outras coisas, um dos administradores da PORTO MÍTICO, viveu durante cerca de sessenta e três anos no CENTRO HISTÓRICO DO PORTO, sendo por isso um genuíno autóctone do lugar e um seu morador natural.

Também por essa razão (mas não só, evidentemente) é um profundo conhecedor da sua História (tanto política como económica e social), Cultura, Costumes e Tradições.

Foi nessa envolvência em cima particularmente focada que cresceu, aprendeu as primeiras letras na escola primária (como na altura elas eram designadas) de S. Nicolau, e teve os seus primeiros amigos e as primeiras brincadeiras com os seus companheiros de infância.

Presentemente já não reside no CENTRO HISTÓRICO DO PORTO. Por circunstâncias da sua vida pessoal hoje habita na laboriosa zona de S. Roque da Lameira. Como bom portista (FCP) que é, está a viver a poucos passos do Estádio do Dragão. Mas para todo o sempre continuará a ser morador do CENTRO HISTÓRICO DO PORTO e por ele continuará a combater sempre que o achar por conveniente.

ANTÓNIO JOSÉ DOS SANTOS SILVA, aproveita esta quadra natalícia de 2016 para desejar a todos um BOM E SANTO NATAL E UM BOM ANO NOVO DE 2017. FESTAS MUITO FELIZ
ES.

UMA NOVA INFORMAÇÃO

Foi estabelecido um acordo entre o GRUPO DESPORTIVO INFANTE DOM HENRIQUE, entidade associativa popular sediada na Ribeira do Porto (Centro Histórico do Porto) e a PORTO MÍTICO, tal para a organização, já durante o ano de 2017, de um CICLO DE COLÓQUIOS, subordinados ao tema HISTÓRIA, MEMÓRIA e CULTURA. Os mesmos decorrerão num magnífico espaço, situado um pouco mais abaixo da CASA DO INFANTE, por baixo do Muro dos Bacalhoeiros, sob umas Arcadas da Muralha Fernandina. Um local de pura traça medieval verdadeiramente formidável.

Com o andar do tempo iremos dando informações mais detalhadas sobre o referido CICLO DE COLÓQUIOS. Para a sua sessão de abertura tencionamos convidar o senhor Dr. Rui Moreira, Presidente da Câmara Municipal do Porto.

Cumprimentos.

GRUPO DESPORTIVO INFANTE D. HENRIQUE / PORTO MÍTICO

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Conferência "Inovação no Turismo"

A Porto Mítico esteve representada na pessoa de Américo Brandão, na conferência organizada pela NOS, em parceria com a Dinheiro Vivo e a TSF, realizada no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto.
Este evento que contou com ilustres convidados como  Ana Mendes Godinho, Secretária de Estado do Turismo,  Victor Ribeiro, Director Geral da Global Media Group,  João Ricardo Moreira Administrador da NOS Comunicações, Paulo Sarmento e Cunha, Director Geral da Casa da Música, Carlos Melo Brito, Pró-Reitor da Universidade do Porto para a área do Empreendedorismo e Inovação, António Seiça Gonçalves, Administrador do Grupo Bernardino Gomes/Hotéis Real, Mário Ferreira, Director Geral da Douro Azul, Bernardino Trindade, Administrador do Grupo Porto Bay Hotels,  José Roquette, Administrador do Grupo Pestana, Ana Pinho Macedo Silva, Presidente da Fundação de Serralves e de Rui Moreira, Presidente da Câmara Municipal do Porto.
O debate, conduzido por Arsénio Reis, diretor da TSF, incidiu sobre a inovação no turismo, as potencialidades e níveis de competitividade deste sector em Portugal.
Neste evento foi apresentado o Prémio Inovação NOS, que, irá premiar em Janeiro próximo,  empresas e instituições públicas que contribuiram para o crescimento da economia portuguesa, com projectos de inovação nas áreas de Turismo e Lazer, Saúde Farmacêutica e Apoio Social, Media e Telecomunicações, Transportes Logística e Operações.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Uma excelente OPORTUNIDADE !!!!!

... para uma visita guiada por alguns lugares do Centro Histórico da Cidade do Porto, dia 5 de Dezembro de 2016.

20º Aniversário Centro Histórico do Porto - Património Mundial

No âmbito do 20º Aniversário do Centro Histórico do Porto, facto esse que ocorre na próxima Segunda- feira, dia 5 de Dezembro de 2016, a PORTO MÍTICO, promove uma visita guiada por alguns lugares do referido.
Tal evento, dado a data constituir uma ocasião excepcional de aniversário do Centro Histórico, o mesmo será de natureza gratuita, contudo é obrigatório que nos façam reserva de participação para o nosso e- mail  portomitico@gmail.com , visto, como poderão compreender, as inscrições terão que ter um número limite.

PONTO DE ENCONTRO :

À porta do Teatro Nacional de S. João ( à Praça da Batalha), pelas 9 horas e 30 minutos.

Aconselhamos o uso de calçado prático e evitar a participação de crianças com menos de 8 anos. 

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Informação - Os Nossos Novos Sites

Caras amigas, caros amigos,

Aqui vos deixamos colocados em baixo duas (2) novas ferramentas digitais da PORTO MÍTICO e que de hoje em diante podem dispor para poderem consultarem- nos, isso sempre que o desejarem. Continuamos a deixar- vos igualmente aqui registado que nos podem seguir em permanência através do nosso Blog portomitico.blogspot.com .

Muito brevemente será postado no nosso Blog uma SEGUNDA CARTA ABERTA AO Dr. RUI MOREIRA. Será novamente autor dela António José dos Santos Silva.

A turistificação excessiva no Centro Histórico do Porto acentua- se de uma forma tal que já quase descaracterizou o mesmo. O próprio Dr. Rui Moreira como Tripeiro e Presidente da Edilidade Portuense, também mostra crescente inquietação. Nesse sentido lerem o Jornal de Notícias do passado 28 de Novembro de 2016, pág. 20.

Também é justo que aqui se questione o que é que vai acontecer à Estação de S. Bento. E o que é que vai acontecer ao Mercado do Bolhão ?

Os nossos Sites :

www.portomitico.pt

www.portomitico.eu

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Os produtos Porto Mítico

DVD' S :



PORTO MÍTICO - DVD

DVD para Windows e McIntosh, da autoria de Américo Brandão, que contém mais de 6000 imagens, toda a História, monumentos, eventos, gastronomia, etc, sobre a Cidade do Porto.








DVD - MAZAGÃO - Vila Portuguesa em Marrocos / Impressões sobre uma visita

Mazagão foi a última Praça- Forte portuguesa a ser despejada no Norte de África marroquino.
Historicamente aconteceu por ordem do Marquês de Pombal Ministro do REi D. José I. 
DVD para Windows e McIntosh, da autoria de António José dos Santos Silva, que relata uma visita que este fez a Mazagão no ano de 2006.



DVD - Live Aid - I was there

DVD para Windows e McIntosh, sobre a experiência única de Américo Brandão, na sua viagem a Londres para assistir ao MAIOR ESPECTÁCULO DE SEMPRE NA HISTÓRIA DA MÚSICA, O "LIVE AID" !


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Palestra de Santos Silva no Clube Fenianos Portuenses

O Casamento Real realizado na cidade do Porto entre dom João I, rei de Portugal e da inglesa dona Filipa de Lencastre, filha do duque de Lencastre, foi um dos factos históricos mais importantes da História de Portugal.
Aqui atrasado já postamos no nosso Facebook e Blog, um texto sobre o referido Casamento, tal da autoria de António José dos Santos Silva, um dos directores da Porto Mítico.
Agora é colocada um novo texto (mais completo) sobre o citado Casamento Real, isso também da autoria do referido director. Tal texto serviu para uma Palestra proferida pelo seu autor em 7 de Dezembro de 2013, no Clube Fenianos Portuenses.

O CASAMENTO, NA CIDADE DO PORTO, DE DOM JOÃO I COM DONA FILIPA DE LENCASTRE, FRUTO DO TRATADO DE WINDSOR, CELEBRADO A 9 DE MAIO DE 1386 ENTRE PORTUGAL E A INGLATERRA – SUAS CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS E FUTURAS

Uma dissertação Pública
de António José dos SANTOS SILVA
Clube Fenianos Portuenses - 7 de Dezembro de 2013


Como é do bom uso e costume da boa educação, começaria por agradecer a todos quantos aqui quiseram estar presentes para me ouvirem nesta minha dissertação. Quero também desejar a todos uma boa tarde.

Quero agradecer às poetisas Ana Bárbara Santo António e Teresa Teixeira o facto de terem acabado de declamar aqui quatro poemas de Fernando Pessoa, da Mensagem, ou sejam, D. Filipa de Lencastre, O Infante, D. Pedro, Regente de Portugal, Horizonte.

Imagem de "Porto a Pé"
Quero agradecer ao Dr. José António Salazar Ribeiro o facto de ter acabado de fazer um circunstanciado relato cronológico dos antecedentes políticos e sociais da Crise de 1383-1385 a qual também é comum designar por interregno. Uma perturbação começada por dom Fernando I que para além do seu cognome oficial de “O Formoso” foi sobretudo o inconstante, isso pela razão do enredo dos seus múltiplos jogos políticos e de corte. Fraco rei faz fraca a forte gente, disse o povo também dele. Vox populi vox Dei. 

Os tempos de hoje são tempos em que a propagação da palavra se faz, cada vez mais, pelas imagens. Por isso as folhas de papel com muitas palavras escritas são como que objecto de uma reprovação geral. Ainda muito recentemente um amigo meu que foi fazer uma tese de doutoramento na área do Direito, tese essa efectuada em Braga, na Universidade do Minho, foi “brindado” (é preciso ter desplante) com o seguinte dito por um membro do júri: Caro doutor, então o senhor apresenta-nos aqui uma tese com duas mil e quatrocentas e tal folhas? Já viu o trabalho que nos deu para ler a sua tese? O meu amigo foi aprovado com nota máxima de muito bom. Logo que pôde abandonou Portugal e é hoje professor catedrático na mais prestigiada universidade de São Paulo e do Brasil. Eu não faço tensões de ir para o Brasil. Mas também este meu escrito não tem duas mil e quatrocentas e tal folhas. O que muito vos alegrará, disso não tenho quaisquer dúvidas. Este meu escrito tem apenas 10 folhas escritas. Em letering Times New Roman, tamanho 14. Podem respirar fundo…

Esta minha dissertação não vai ser muito aprofundada visto que isso naturalmente implicaria que o seu desenvolvimento tivesse que ser, necessariamente, mais vasto o que não apenas colidiria com o tempo que tenho disponível como com a vossa paciência. Também nem sequer é uma tese que vos quero aqui apresentar. No fundo é apenas um leitmotiv para ter uma conversa convosco sobre uma realização histórica que está neste momento em Marcha e que vem sendo anunciada. Dar a esse Evento o devido enquadramento.

Um dia destes, dava eu um último retoque a esta minha dissertação, como que a aprimorar a mesma, já que fica sempre bem apresentar trabalho limpo, quando eu dei por mim a muito seriamente e em profundo silêncio a reflectir se realmente o que eu vim aqui falar-vos era uma dissertação clássica ou antes seria uma oração, não apenas no sentido religioso do termo mas também no seu sentido literário.

Estou plenamente agora convencido que o termo oração, aplicado nesses dois sentidos que acabei atrás de referir será o mais adequado ao caso.

Por assim ser, apenas encontrei duas palavras que sejam verdadeiramente indicadas para começar pelo princípio de uma oração – AVÉ MARIA!

Por isso não é pelo mero acaso que eu logo no começo desta minha falação dou um particular enfoque sobre a batalha de Aljubarrota. Não foi verdade que a mesma foi travada em vésperas do dia de nossa Senhora de Agosto? Não se chama o Mosteiro da Batalha de Santa Maria?

Nessa exacta perspectiva eu gostaria de vos falar pelo princípio dos princípios, até porque eu defendo que nós devemos falar sempre do princípio para o fim e não deste para o princípio.

Quero falar de Aljubarrota. Mas não falar-vos propriamente daquela que no ano de 1385, em 14 de Agosto, foi ferida em São Jorge, e que ganhamos.

A Aljubarrota de que vos quero aqui falar é de uma Aljubarrota simbólica. Passo a explicar isso melhor.

É do Espírito de Aljubarrota de que eu vos quero falar.

Neste momento encontra-se em curso, para o Centro Histórico do Porto, uma Recriação Histórica – o casamento de dom João I com dona Filipa de Lencastre, do baptizado do infante dom Henrique, de uma Grande Feira Medieval. Esta Ideia, este Projecto, está, cada dia que passa, a ser mais divulgado e a adesão das gentes tripeiras (mas não só!) está a ser fantástica e ainda, como se costuma dizer, a procissão ainda vai no adro.

Mas importa, que para a sua realização exista o Espírito de Aljubarrota. E eu disso não vou abrir mão.

Porque é que ganhamos a batalha de Aljubarrota, a outra, acontecida em 1385?

Obviamente que eu não vos vou maçar aqui com uma explicação académica sobre tal fita do tempo, dos acontecimentos e dos motivos gerais que conduziram a essa vitória. Quero apenas dar um especial enfoque a duas poderosas razões: primeiro, fomos nós e não o inimigo que estrategicamente escolheu o terreno para travar a peleja. Segundo, as forças portuguesas não se dividiram – tiveram um comando único. Existiu unidade no comando e na acção como se diz em termos de estratégia militar. Isso representou uma lição a reter por todos nós para agora, para sempre e para o futuro.

Existiu nela, também, um importante detalhe de natureza táctica: o quadrado, que já tinha sido utilizado pelos ingleses, vitoriosamente, na batalha de Azincourt, em França.

É dentro da comunhão do Espírito de Aljubarrota que o grande Evento que se encontra em Marcha no Porto, para o Centro Histórico do Porto, deverá caminhar sempre.

Impõe-se, desde já, nestas minhas primeiras palavras e como para que um breve elucidário saber o que realmente é a História. E o que é e pode ser a História? Sabem? O que é que vocês todos aqui presentes acham que seja a História?

Desde os tempos de Heródoto que a História nos dá lições.

Sobre a História já Jaime Cortesão disse que ela é a explicação do presente e a arte de prever. Estão agora a ver melhor o que é a História?

A História, no fundo, é a recusa do Culto do Vazio. O Passado sempre fascinou o Homem. O Passado é a Pedra Angular da personalidade do ser humano. O Passado é o somatório de histórias, conhecimentos, tradições, costumes, identidade, cultura nas suas várias manifestações, experiências, etc. E assim o é para os indivíduos, para a colectividade, como para os povos. Ai de quem não tenha Memória de si mesmo.

Este ano o Tratado de Windsor fez em Maio que passou 627 anos de existência. É o Tratado mais antigo do Mundo firmado livremente entre dois Estados corporizados estes como duas nações organizadas: Portugal e a Inglaterra. Falando também aqui do casamento de dom João I com dona Filipa de Lencastre, este, em Fevereiro passado, fez 626 anos.

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O casamento entre dom João I com dona Filipa de Lencastre não representou apenas uma Lição de História que ficou registada na História de Portugal, foi igualmente uma demonstração do triunfo da vontade sobre a realidade. Tal casamento real significou um tempo da predominância das certezas sobre as dúvidas ou, o que é mais ainda: sobre o próprio direito de duvidar. Esse casamento esmagou as espadas da incerteza.

Moribunda, no seu leito, por causa da peste, dona Filipa de Lencastre, em 1415, teve ainda derradeiras forças para entregar a dom Duarte, a dom Henrique e a dom Pedro, seus filhos, três espadas. Na volta da conquista de Ceuta, dom João I, com essas três mesmas espadas armou-os, aos três, cavaleiros. Aconteceu no reino do Algarve, em Tavira. Tinha Começado a Grande Aventura Portuguesa. Tinha começado a Primeira Globalização do Mundo.

Penso que se torna deveras interessante como que descodificar um pouco a razão, embora existam teses historiográficas que apontem outras, pelo facto do burgo tripeiro ter tido, no espaço temporal que foi de 1387 a 1394, dois extraordinários acontecimentos históricos, ou sejam, o casamento que aqui venho a referir e também o baptizado do infante dom Henrique.

Não irei aqui assentar, com fundamentos mais alargados, as razões profundas que motivaram as não ocasionais estadias de dom João I e de dona Filipa de Lencastre aqui nesta cidade do Porto, que os reis da dinastia de Avis se habituaram a designar como Cidade Real ou Mui Nobre e Sempre Leal.

Faço aqui lembrar que durante o mês de Maio de 1384, estava a cidade de Lisboa prestes a ser cercada pelas forças castelhanas de dom João de Castela (o grande derrotado em Aljubarrota), mandou o mestre de Avis, Regedor e Defensor do Reino, à cidade do Porto, o seu especial emissário Rui Pereira, para obter cá galés, barcas, mantimentos e homens de armas para socorrerem Lisboa.

Falei aqui no mestre de Avis como Regedor e Defensor do Reino. Os politólogos definem esse seu cargo, isso quase como fruto, digamos assim, do primeiro golpe de Estado que foi levado a cabo em Portugal, tal através de uma movimentação política magistralmente estruturada pelo mestre de Avis e seus homens e apoiantes mais próximos e de confiança.

As orgulhosas gentes tripeiras contribuíram ainda com dinheiro e fizeram trazer de Inglaterra apoio militar, nomeadamente archeiros (do país de Gales) para a batalha de Aljubarrota, travada um ano mais tarde, isto é, em 14 de Agosto de 1385. Essa vitória militar (mas também política) portuguesa abriu as portas ao Tratado de Windsor de 9 de Maio de 1386, ao casamento de dom João I com dona Filipa de Lencastre em 1387, na cidade do Porto. Note-se a cronologia dos factos: a batalha em 1385, o tratado em 1386, o casamento em 1387. Uma interligação perfeita de datas.

Com estes aspectos que eu acabo aqui de reportar, dá para começarmos a ter uma percepção do porquê de ter tido lugar no Porto não apenas o casamento do casal real como, mais tarde, Filipa ter vindo grávida de Atouguia da Baleia para cá para ter aqui o seu quarto filho, o tripeiro infante dom Henrique.

Uma das teses que se apresenta para o nascimento do infante dom Henrique aqui no Porto está centrada numa decisão anteriormente assumida por dom João I no ano de 1392, pelo seu interesse em dar uma resolução à contenda entre a coroa portuguesa e os bispos da cidade do Porto, o que vinha ocorrendo, com incidência especial, desde os tempos do seu avô, dom Afonso IV.

Em grande parte tudo isso assim aconteceu dada a importância que o Porto teve no apoio ao mestre de Avis durante todo o processo da chamada Revolução Nacional de 1383-1385 e que legitimamente também podemos designar por Revolução do Porto, isso apesar de a sua génese ter tido lugar em Lisboa, capital política do reino. Se é verdade que tudo começou em Lisboa, foram os burgueses, os mercadores, os mesteirais e homens-bons do Porto que foram o seu grande suporte financeiro. Manda a justiça que assim se diga.

Sobre a Revolução ou Crise Nacional de 1383-1385 muitos autores portugueses gostam de insistir numa tónica em que se tenta e procura racionalizar a mesma dentro de um quadro de luta de classes, isto é, entre o povo e uma aristocracia terra- tenente. Eles esquecem-se, porém, que o país não estava dividido em duas facções sociais, antes em três partidos políticos da época. Passo a dizer melhor.
Tínhamos, assim, o partido legitimista de dona Beatriz, filha do rei dom Fernando, o partido legitimista nacionalista do infante dom João, filho do rei dom Pedro I e de Inês de Castro e, também, o partido nacionalista de dom João, mestre da Ordem Militar de Avis, filho também de dom Pedro I e, diz-se, de Teresa Lourenço.
Esta dedução de forças políticas e sociais existentes em Portugal por essa altura (Século XIV), em termos de estudos académicos, foi muito bem defendida e estruturada, pela primeira vez, pelos estudos históricos realizados pelo Professor Doutor Marcello Caetano.

Não quero nem posso de vos deixar aqui de dizer que dom João I, inicialmente, não morria de amores pelo Tratado de Windsor nem, tão-pouco, morria de amores por dona Filipa de Lencastre.

Filipa – sabia-o muito bem dom João I –, provinha de uma corte em Inglaterra, onde o seu pai, John of Gaunt, duque de Lencastre, vivia de uma forma desbragada. De facto era um homem que vivia escandalosamente, debaixo das mesmas telhas, com a mulher e a sua amante, Catarina Bonet ou Katherine Roet Swynford, de seu nome, dando esta por mestra perceptora às filhas. Uma opção deveras discutível, convenhamos.

Rezam as crónicas que Filipa não era uma mulher bonita, em termos físicos, é claro.

Filipa não era uma mulher meridional. Era uma mulher saxónica, fleumática, de face hierática, serena, fria, severa, com cabelos louros da cor do trigo durante o mês de Junho, de pele muito alva e de olhos azuis ingleses. Este é o retrato um pouco somático de Filipa que eu quase me atrevo a fazer-vos e que julgo estar muito aproximado dela.

Dom João I aceitou tal casamento de forma política (como era uso na época e pela chamada razão de Estado) por cálculo, digamos. Filipa de Lencastre fazia parte do último artigo (o décimo terceiro) do Tratado de Windsor. A muito breve trecho, porém, dom João I, modificou tudo o que pensava sobre Filipa. Esta introduziu na corte portuguesa uma Idade Nova.
Sobre Filipa de Lencastre, Isabel Stilwell, disse que foi a rainha que mudou Portugal. E foi verdade!

Não foi por acaso que essa espécie de outro Camões que foi o poeta Fernando Pessoa escreveu em 26 de Setembro de 1928 o poema D. Filipa de Lencastre, inserido no seu livro Mensagem.

O cronista Fernão Lopes, porventura usando uma expressão ousada, digo, chamou à dinastia de Avis como uma Sétima Idade. Uma expressão ousada porque sabemos que a Sétima Idade era uma expressão de Santo Agostinho que este usava para a Cidade de Deus. Mas, no fundo, o que Fernão Lopes quis dizer é que nasceu uma Nação Nova.

Podemos também afirmar que com o início da dinastia de Avis se instaurou o Primeiro Estado Novo português. Não sendo por isso por acaso que muitos historiadores designam a dita [dinastia] como a Monarquia Nova.
Imagem "Porto a Pé"
Da esquerda para a direita :
Dr. Salazar Ribeiro e António dos Santos Silva

Torna-se importante também aqui afirmar que o casamento de dom João I com dona Filipa de Lencastre, ao fundar a casa de Avis, põe como que um ponto final à Idade Média em Portugal. A Ínclita Geração (a mais alta geração) é disso um cabal exemplo. Dom Duarte, rei-escritor (do Leal Conselheiro), moralista, cabalista e astrólogo, o infante dom Henrique, dom Pedro, viajante, “O das Sete Partidas” (que trouxe para Portugal o Livro de Marco Polo), dona Isabel, grã-duquesa da Borgonha, dom Afonso V, ocultista, sua esposa Isabel, que era uma mulher extremamente culta e que fez traduzir para português o código das donzelas, Livre des trois Vertus, da autoria de Cristina de Pisano. A irmã de Isabel, a linda asceta, infanta dona Filipa (nome herdado de Filipa de Lencastre) era poetisa. Mas mais do que isso: foi a primeira poetisa portuguesa cujo nome aparece devidamente registado. Tudo isto já eram personagens de uma antecipada Renascença.

Quero muito particularmente aqui focar que dona Filipa de Lencastre, mãe da Ínclita Geração e madrinha da Expansão e Grande Aventura Portuguesa, era também uma mulher muito culta. Falava fluentemente latim e francês. Além disso fora cuidadosamente educada pelo seu tutor inglês, Geoffrey Chaucer que lhe dera a ler o seu Tratado do Astrolábio.

Penso que muito apropriadamente e compreensivelmente todos os aqui presentes questionarão (interiormente) o momento (se realmente é a altura certa) para a realização de uma minha dissertação ou, já agora, oração, sobre um tema como aquele que eu escolhi para aqui vos falar, isto é, sobre o casamento entre dom João I e a muito virtuosa senhora dona Filipa de Lencastre (da Casa real inglesa dos Plantagenetas) e do Tratado de Windsor.

Por certo que se interrogar-se-ão se neste momento que passa não existirão, aqui em Portugal, em termos das nossas preocupações e de reflexões que todos nós possamos fazer, temas e coisas muitíssimo mais urgentes e relevantes do que estarem para aqui a ouvirem eu falar-vos de um casamento acontecido aqui no Porto e de um Tratado ou Aliança Luso-Britânica, factos históricos esses que aconteceram há mais de seis séculos…

Vivemos num tempo em que, entre nós, está instalada a mais profunda Crise, que é política, económica, social e moral (ética), quase um tempo de trevas, que da forma mais tremenda afecta a sociedade portuguesa e a Nação. Tudo isto acontece num tempo miserável em que impera um mínimo ético e de acentuado individualismo hedonista, de um tempo de Idade Média Atómica. Mas sendo um tempo de grandes ilusões, tem, também, que ser um tempo de grandes esperanças. Um tempo que urge que o tornemos verdadeiramente claro, nem que para isso tenhamos que usar a verdade como um bisturi.

A razão primordial porque eu nesta minha dissertação falei do casamento de dom João I com dona Filipa de Lencastre, fruto directo do Tratado de Windsor, foi porque esse casamento e Aliança representou a superação da Crise de 1383-1385 e pode significar um fabuloso exemplo para superarmos a Crise que hoje nos assalta. 

Se um dia voltarmos a seguir as ideias da dinastia de Avis, obviamente adaptadas aos modos de agora, então não tenhamos medo de voltarmos a perder. Ainda estamos a tempo de arrepiarmos caminho? Estamos. Mas tem que ser já!

E é precisamente nesse sentido que surgiu a Ideia de se realizar aqui, na cidade do Porto uma Recriação Histórica do casamento de dom João I com dona Filipa de Lencastre, do baptizado do infante dom Henrique. Ela não aparece como um mero acto de Memorialismo Histórico, antes como um poderoso instrumento para a prossecução de quatro (4) factores chave. De quatro factores que visam essencialmente, na hora presente, dar à cidade do Porto um momento para a sua grande afirmação, isso através de um formidável Evento. E quais são tais factores?

O primeiro para o Turismo Cultural – Uma resposta activa e inteligente ao turismo de plástico que começa a ser instalado.

O segundo para a Coesão Social – Para uma participação interclassista dos portuenses.

O terceiro para o reforço da Economia Local Tripeira, pelo fluxo de crescente turismo a que o Porto assiste.

O quarto para a Agitação Cultural – Para uma cultura popular e erudita.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Um livro sobre o CIOE - Centro de Instrução e de Operações Especiais de Lamego

No ano de 2002, António José dos Santos Silva, foi o autor de um livro sobre o Centro de Instrução de Operações Especiais de Lamego, intitulado CIOE - Da Guerra do Ultramar Aos Dias de Hoje.
Foi e é um livro que envolve uma certa polémica e que retrata os primórdios da formação (fundação) daquele importante estabelecimento militar sediado na cidade de Lamego. O livro foca as actividades das Operações Especiais antes da Guerra do Ultramar, durante a dita e depois do 25 de Abril de 1974. Isso até ao ano de 2002.
A edição do aqui citado livro foi da Nova Arrancada - Sociedade Editora, SA, de Lisboa. O livro está esgotado. O referido está registado com o Depósito Legal: 181 191/2 e pelo ISBN 972 - 8369 - 53 - 0.
A foto que aqui está patente é a da capa do livro.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A História - o que é a História ?


Quando falamos de História, sabemos realmente do que estamos a falar?

A História é a ciência que estuda o Passado? É! Mas a História é igualmente um conjunto de estudos que nos facultam o conhecimento do Presente e, caso sejamos capazes, nos ajudam a póspectivar o Futuro.
Assim sendo, a História dá- nos lições sobre o Passado, o Presente e o Futuro.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

CARTA ABERTA AO DR. RUI MOREIRA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO


Um contributo para abertura de um debate sobre o Centro Histórico do Porto, tendo como linha de orientação a política de Gentrification que nele se está a operar. 

A Gentrification – O que é? – O que efectivamente representa no contexto geral do Centro Histórico do Porto?

Uma tentativa para uma explicação deste fenómeno perverso. Um documento para uma lúcida identificação do mesmo.  

 A Gentrification é um termo do vasto jargão anglo-saxónico cuja filosofia (a sua doutrina) que naturalmente lhe está subjacente, postula que os chamados Centros Históricos da Europa possam e devam (imperiosamente, segundo o ponto de vista da Gentrification) ser transformados (ou transfigurados, o que ainda torna o caso mais doloroso e sinistro) em Parques Temáticos para diversão turística; uma espécie de Disneyland para um exclusivo entretenimento de adultos. Esse é o seu fim último. É o que na verdade se verifica com o Centro Histórico do Porto. Um Centro Histórico do Porto que, por obra e graça da Gentrification, está verdadeiramente a saque e numa ignóbil situação de um fartar vilanagem que não apenas prevalece como até aumenta cada dia que passa, o que não pode deixar de ser extremamente preocupante, mas, pelo que se nota, a muitos (demasiados) pouco interessa e preocupa.  

 Sobre a transformação do Centro Histórico do Porto numa Disneyland, disse o Dr. Rui Moreira, actual presidente da edilidade portuense:  

… as freguesias do Centro Histórico não se transformem na Disneylândia …
Nós queremos garantir que as pessoas que vivem no Centro Histórico não vão ser expulsas pelo progresso … 

… isso já aconteceu nalgumas zonas da cidade e fazemos questão que não aconteça …  

Moreira não quer que Centro Histórico seja a Disneylândia 

Jornal de Notícias 
Quarta-Feira – 4/9/2013 
Pág. 24 / Política  

 Ainda sobre este aspecto da edificação no Centro Histórico do Porto de uma Disneyland, torna-se deveras importante deixar ficar aqui o que disse o geógrafo Rio Fernandes. É a opinião de um homem da GEO(grafia), notem bem. Eis, portanto, o que foi escrito na Revista Visão de 10 de Outubro de 2013, página 70.  

Esta região é viciada no turismo? O deslumbramento gera cepticismo. O geógrafo Rio Fernandes alerta para os riscos de o Porto se transformar numa «cidade falsa, infantil, com comboínhos, espécie de Disneylândia que exclui os residentes», não atrai habitantes para os apartamentos, «vendidos a preços da Foz», e é «profundamente desigual no mesmo quarteirão». Lá virá o dia, «e já estivemos mais longe, em que nos cansaremos… E os turistas também».

 Há que confessar que combater a Gentrification não é para todos, não é uma tarefa nada fácil visto que é extremamente complexa. E porquê? Fundamentalmente porque ela é uma entidade, apliquemos este termo aqui para facilitar, que decididamente assume contornos inorgânicos e de face oculta já que até sem rosto, mas que, apesar disso – ou até por isso mesmo –, o seu espírito tende a impôr os seus poderosos interesses e vontades (a sua potestade) nos Centros Históricos que têm a infeliz desdita de lhes cair nas suas mãos, como é o caso do Centro Histórico do Porto.  

 É preciso igualmente entender que a complicar toda esta situação no Centro Histórico do Porto, que ela não se resume à percepção que possamos ter de que o seu inimigo figadal não é apenas um factor de natureza exógena (que veio de fora) e que é personificado pela Gentrification. É que também existe um outro factor de natureza endógena (que vem de dentro) e que reside no facto de a praticamente inexistente comunidade local já não ter qualquer capacidade de gerar Resiliências capazes de obstar, pelo menos em parte, a força e o poder do mal da Gentrification.  

 A Gentrification fez – pura e simplesmente! – tabula rasa do Centro Histórico do Porto. O resto é conversa fiada para adormecer boi.  

 A terrivel pressão que a Gentrification faz sobre o espaço urbano do Centro Histórico do Porto está na génese da descaracterização do viver citadino do dito, em termos humanos, sociais, culturais, identitários (alma), históricos, económicos, tradicionais, demográficos dos seus moradores locais. Por isso, ela [Gentrification], não reabilita o edificado do Centro Histórico do Porto para que ele seja regenerado no seu sentido mais lato, mas para que o mesmo seja utilizado por city users, centrados estes apenas em turistas, turistas, turistas, turistas e mais turistas. A Gentrification não está minimamente interessada em que os Centros Históricos sejam espaços mais humanamente habitáveis e vivênciais. Os seus projectos de reabilitação urbana, são precisamente o contrário disso. Por esse facto para a Gentrification falar, hoje e agora, de reabilitação e regeneração urbana não é falar de sustentabilidade e de coesão social. Por esse facto a Gentrification, que toma vorazmente de assalto os Centros Históricos, transforma-os, de imediato, em lugares exclusivos em vez de inclusivos. 


 Obviamente que todo este tenebroso processo decorre à mais inteira custa da expulsão (deportação) dos seres humanos (os seus moradores autóctones, principalmente) do muito apetecivel (hoje) casco histórico tripeiro que os ditos moradores, há várias gerações ocupam e habitam pelo direito natural.  

 Posto isto, a Gentrification é, desse modo brutal e impiedoso, absolutamente intolerante, selvagem, implacável e incompatível (incapaz de coabitar) com as gentes que ao longo dos tempos se foram fixando nos Centros Históricos, ou, melhor dizendo, as pessoas que podem, na clara e muito própria perspectiva e propósitos da Gentrification lá “viverem”, são única e exclusivamente os turistas que vão ocupando o território temporariamente (num movimento constante do entra e sai e do sai e entra) pela ocupação de hotéis, hostels e agrupamentos do designado alojamento local. Tudo isso com a mistura aldrabona de um insuportável e bastardo pseudo- artesanato de plástico, inclusive, em muitos casos, como não poderia deixar de ser, made in china, aliás inteiramente de acordo com a política e o [mau] gosto da Gentrification. Uma verdadeira vergonha!  

 Mas muitíssimo mais do que isso, já que perfeitamente tipifica um caminho para um autêntico genocício cultural, histórico, social e humano, por perda irreparável da identidade e raíz do lugar, a Gentrification está a transformar o Centro Histórico do Porto apenas numa coisa sem outro qualquer significado que não seja um desenvolvimento da tal Disneyland.  

 Ora, para tal, como facilmente se torna entendivel para todos quantos ainda têm a real capacidade de pensar, ela [Gentrification] procura (e está a conseguir, diga-se) por todos os meios possíveis e impossíveis apropriar-se (totalmente) dos prédios e andares, expulsando da forma mais objectiva, cruel e infame os moradores locais, mas igualmente não permitindo que outras pessoas comuns, cidadãs e cidadãos, vindos de fora, os possam habitar normalmente, para que o referido edificado urbano da Baixa/Centro Histórico do Porto seja reabilitado unicamente – é ponto assente e todos nós todos os dias o podemos constatar – em muita particular função das citadas unidades de turismo que já foram focadas neste documento. Essa é a prioridade mais imediata e exigente das operações da Gentrification no Centro Histórico do Porto.  

 Diga-se, em perfeito abono da verdade, que tal verdadeira ocupação territorial colonial, pelas manobras desenvolvidas (dentro da mais completa impunidade e desregulamentação) pela Gentrification está-se a efectivar com os maiores sucessos e de acordo com as suas mais plenas espectativas (dentro dos seus planos e estratégias de conquista e tomada do Centro Histórico do Porto). Basta, para tal, percorrer com atenção e olhar crítico as ruas do acima citado, mas já não só apenas estas, é importante aqui sublinhar este aspecto, deixando-o aqui convenientemente registado.  

 As consequências graves, trágicas e terríveis das marcas (das garras de verdadeira ave de rapina) da Gentrification, no que muito concerne e diz respeito ao lugar que nos vimos a referir, até de forma enfática, é que ela, implacavelmente, despojou quase praticamente o Centro Histórico do Porto da sua componente humana local, isso através de mecanismos expeditos de despejamento (autêntica operação de despovoamento) do mesmo (do seu povo) que, ao princípio, foi executada (operacionalizada) algo timidamente, de uma forma também pouco perceptivel à maioria das pessoas (embora de maneira inexorável) mas que muito recentemente sofreu um notório e violento aceleramento que é perfeitamente observado pela tremenda e espantosa “reabilitação” do edificado da zona histórica que vimos a apontar, tal numa acção perfeitamente inserida dentro de uma desenfreada especulação financeira e imibiliária, isso como nunca foi jamais visto e alguma vez se verificou antes no Centro Histórico do Porto que, durante dezenas e dezenas de anos se manifestamente caracterizou pelo abandono geral e pela sua enorme degradação do seu casario e parque habitacional, o que da forma mais caricata e até grotesca (cómica, também) levou, por essa época da sua mais latente decadência urbana, inclusive, muitos estrangeiros, pelo seu estado de ignorância máxima, a indagarem se aquilo era consequência e resultado da Segunda Guerra Mundial ou coisa parecida. Pode-se julgar isso como puramente anedótico, porém corresponde à verdade dos factos. Nomeadamente disso foi testemunha o autor deste documento.  

 Hoje o Centro Histórico do Porto, classificado pela UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) como Património [material e imaterial] Mundial da Humanidade, pois, praticamente não existe na acepção desse conceito e critério. Hoje é um mero chavão turístico. A Gentrification subverteu (capturou aos seus ditames e interesses) completamente o real conceito patrimonial que, obrigatoriamente falando, comportava três elementos capitais e, dentro dessa ordem de ideias os devemos considerar pontos chave de primeira grandeza. Primeiro a GEO(grafia), segundo, a História, terceito a sua População. A Gentrification subvertendo tudo isso transformou-o miseravelmente actualmente naquilo que ele é exactíssimamente: numa espécie de Disneyland.  

 Os três elementos aqui sucintamente especificados e apresentados (que são fundamentais, no seu todo e só no seu todo) e que intimamente se encontram poderosamente e intrinsecamente reunidos (interligados) da forma mais perfeita (porque harmoniosa e natural), significam uma verdade (unidade) que não pode ser dividida ou separada de um todo, como já foi dito aqui, que ela, no fundo, é.  

 Essas três componentes (essenciais, volta-se de novo aqui a repetir e frisar) representam aquilo que muito acertadamente podemos chamar de Unidade de Destino que é deveras indiscutível pela razão e certeza que a mesma encerra.  

 Como já aqui foi dito (ou escrito) ela vale como um todo e sendo criminosa e estupidamente desmembrada (desligada) nada vale ou significa em separado ou “vendida a retalho”, como precisamente faz e propugna a Gentrification em relação ao Centro Histórico do Porto.  

 Muito ao contrário do que a Gentrification (e os agentes que diligentemente a promovem) pensa, estes três pilares – GEO(grafia) – História – População (ter em conta a importância destes três vectores aqui apontados como o verdadeiro ADN fundamental e fundacional das cidades e da sua formação), constituem, tão-só, como já aqui foi apresentado, uma Unidade de Destino que as torna indivisíveis e que, portanto, lhe é natural e racional. Tudo isso forma como uma verdade cósmica.  

 Para uma descodificação (plena) do tema fulcral deste documento, ou seja, a Gentrification, é bom (é recomendado) que se comece pelos Princípios, aliás basilares, dos principais vectores que aqui já foram oportunamente avançados, que dotam (dão corpo orgânico) uma cidade e, logo, como a mesma é estruturada e erguida, ao longo dos séculos, de um Centro Histórico, no caso vertente que nos interessa analisar, do Centro Histórico do Porto.  

 Foi como que enfatizando aqui neste documento, que por uma Ordem natural e legítima da sua real importância que as cidades se foram organizando pela superior existência da GEO, continuada pela História e sustentabilizada pelas suas Populações sempre renovadas. São estes três pressupostos (determinantes) aqui cronologicamente colocados que são os verdadeiros protagonistas que desde sempre consusbstanciaram uma cidade e um qualquer Centro Histórico. Uma situação que a ciência da razão profunda das coisas dá como aceite e, o que é mais ainda: defensável. Por esse facto a solução (genocida, sob um ponto de vista cultural, histórico e humano, mas não só) que desde a primeira hora a Gentrification defendeu (sem qualquer outra alternativa, pois nisso ela sempre foi irredutível) foi a aposta (conseguida e ganha, por tudo o que se está a ver) do despovoamento do Centro Histórico do Porto. E o pior cego é aquele que não quer ver.  

 Só dessa maneira, ela [Gentrification], sabe que se poderá cumprir integralmente os seus designíos mais negros, isto é, a construção até a um infinito possível de um Parque Temático e de uma Disneyland no Centro Histórico do Porto. E o caminho para ela alcançar isso está praticamente percorrido. Ela conseguiu atingir o point of not returne. Podemos até dizer que a triunfante Gentrification já vê, como em muitos casos se costuma dizer, a luz ao fundo do túnel, tal a destruição sistemática que ela causou no Centro Histórico do Porto. Destruição essa que lhe foi permitida realizar, há que dizer isso.  

 Assim, no que muito particularmente concerne à ocupação do Centro Histórico do Porto pela Gentrification, tudo isso deveu-se a um completo (e deliberado?) vazio de legislação e regras para a ocupação desse espaço. Não existindo (e deliberadamente?) legislação e regras, ela [Gentrification] criou, à sua própria medida, “legislação e regras” que, evidentemente, foram especialmente criadas para os seus interesses. Para além disso ter sido verdadeiramente espantoso, ela provou, dessa maneira, que na verdade não existem vazios estratégicos. Estes tendem, fatalmente, a ser ocupados, seja por quem seja. No caso do Centro Histórico do Porto, foi a Gentrification que não só ocupou a zona histórica ao seu belo prazer, como é ela que dita lá as suas leis e regras do jogo. Um jogo viciado, obviamente.  


 E agora que fazemos? Que fazer agora? 

António José dos SANTOS SILVA 

Centro Histórico do Porto


Aos 31 de Outubro de 2014

Uma Dissertação de António José Dos SANTOS SILVA

1415 / 2015 – 600 ANOS – CEUTA e o Mar Português, fruto directo da Geopolítica e da Geoestratégia dos Descobrimentos Portugueses – Um factor inestimável para o futuro de Portugal e dos Portugueses

INTRODUÇÃO
O SALÃO FORRADO A AZULEJOS DO PALÁCIO DE SINTRA

Quer acreditemos ou não, Portugal é tudo! Mas o mais importante, para além disso tudo, é que Portugal, quer acreditemos ou não, é Razão e Mistério.
Assim eu começaria, antes de tudo o mais, por vos contar uma história que, desde já o digo, não é minha. Recorro aqui ao grande historiador que foi Oliveira Martins.
Conta ele no seu livro sobre os Filhos de dom João I a seguinte história. Uma perturbante e muito estranha história, até porque Portugal é Razão e Mistério.

A quando dos preparativos (ainda em estado muito primários) para a ida de Portugal a Ceuta, facto esse que ocorreu no ano de 1415, conta o citado Oliveira Martins que teve lugar no salão forrado a azulejos do Palácio de Sintra uma reunião entre dom João I, alguns dos seus filhos, outras pessoas e o prior dos Hospitalários (Ordem Militar de Malta). Este último, para fazer uma espécie de carta topográfica de Ceuta, pediu que lhe dessem duas cargas de areia, algumas fitas e dois alqueires de favas. Quando, por fim, deu cópia do seu elaborado trabalho, todos os lá presentes ficaram deveras espantados com a grande perfeição de tal maqueta. Foi, assim, dessa forma, que começou o ciclo glorioso da Expansão Lusa para Marrocos, pela conquista de Ceuta.

Anos mais tarde, foi precisamente naquele salão forrado a azulejos do Palácio de Sintra que teve lugar o Conselho de Estado que foi determinante para el-rei dom Sebastião ir fazer campanha militar em Marrocos, em Alcácer Quibir.
Tudo, em relação a Marrocos, foi naquele salão forrado a azulejos do Palácio de Sintra, que começou. Foi naquele salão forrado a azulejos do Palácio de Sintra que tudo se encerrou ou o ciclo se fechou em relação a Marrocos. Coisa muito estranha, não é? Mas Portugal é Razão e Mistério. Quer acreditemos ou não.

FALAR-VOS AGORA SOBRE CEUTA

Ceuta Antiga
Imagem de "historia_8a - Sapo"
A conquista de Ceuta em 1415, representa, nos anais militares portugueses, desde logo, uma coisa nova e grande. Como afirmou o mais notável arabista português (sabia ler e escrever árabe), o professor e historiador David Lopes: Não se tratava duma incursão em terras vizinhas, coisa em suma fácil, mas de empresa além-mar, coisa nova e grande.

Ainda entre os historiadores portugueses de hoje, gera-se um debate sobre quais foram realmente os motivos que levaram, em 1415, Portugal a partir para a tomada de Ceuta. As razões comummente focadas são, essencialmente, as seguintes:


. 1 – Os motivos pessoais (prestigio) do rei dom João I (que era bastardo).

. 2 – O facto de Aljubarrota não ter conseguido – definitivamente – afastar o perigo da “Trombeta” (de guerra) castelhana – o “muro” que para Portugal (para os seus interesses vitais) representava Castela, obrigando, assim, Portugal a ter que diversificar o seu espaço geopolítico, geohistórico, geoestratégico e, evidentemente, geoeconómico.

. 3 – Ceuta como porta e ferrolho do mar Mediterrâneo.

. 4 – O continente africano aqui tão perto de nós – riquezas, corso, ouro, escravos, etc.

. 5 – Controlo da costa do Norte de África – para prosseguir depois com mais segurança para o sul geográfico da Terra.

. 6 – Serviço de Deus – guerra contra o mouro infiel.

. 7 – Escola de guerra.

. 8 – Escoamento, para mercês e tensas reais para os filhos, segundos, das famílias nobres e fidalgas, tal por causa da lei do morgadio.

. 9 – Presidium e lugar para degredados.

. 10 – Lugar para gente homiziada. 

Sabe-se pelo cronista-mor Gomes Eanes Azurara, e a dar todo o crédito ao que ele escreveu, que tal expedição (a Ceuta) foi rigorosamente preparada e que levou anos, o que, desde logo, pressupõe organização e muita persistência. Azurara fala em seis anos, mas, seguramente, foram trabalhos que se prolongaram por três afanosos anos, isto é, desde 1412. Foi extraordinário.

Mas coisa deveras curiosa. A ida ao reino de Fez, foi pensada por dom Afonso Henriques, a quem o cronista árabe Ibn Shaib Açala, chamou àquele, de pérfido galego – o maldito de Deus! Esse projecto (de facto, para a época, irrealizável) tinha o concurso do seu colaborador Geraldo Sem Pavor. Um projecto irrealizável, mas que, estranhamente, prova que a ida a tomar para nós o reino de Fez já era coisa muito antiga.

Como é sabido comemorou-se no ano de 2015 os 600 anos da conquista de Ceuta, facto esse que ocorreu em 21 de Agosto de 1415. E mais que celebrar esse acontecimento histórico, importa, sobretudo, que façamos uma reflexão. É essa reflexão que eu quero fazer aqui com todos vós, se me é permitido.

Reza a crónica de Gomes Eanes Azurara, cronista mor do reino, que a frota (a Armada), por sinal a mais numerosa, que saiu da cidade do Porto, era comandada pelo infante dom Henrique, nascido nesta cidade. Estamo-nos, evidentemente, a reportar à frota conjunta que partiu para a conquista de Ceuta. Tal frota saída do Porto, foi reunir-se a uma outra estacionada em Lisboa. Estava-se, então, no dia 25 de Julho do ano da graça de Nosso Senhor de 1415. A frota concentrada em Lisboa estava, por sua vez, dividida em duas: a frota das galés reais, comandada por dom João I, o rei, e a frota das naus, que estava sob o comando do infante dom Pedro.

Foi com este enorme aparato de guerra, nunca até então visto no reino, que ela partiu para a conquista de Ceuta, no reino de Fez, como era então que se chamava a Marrocos, um nome, só mais tarde, inventado pelos portugueses.
Azulejos de Jorge Colaço
Estação de S. Bento, Cidade do Porto

Deve ser aqui focado que a coisa (a ida a Ceuta) não representou um acto de um mero impulso gratuito ou de acção que fosse improvisada. Foi coisa muito bem pensada, maduramente estudada e planeada. Não foi um repente de momento.

Pela altura da conquista (ou reconquista?) de Ceuta, o infante dom Henrique era apenas um rapaz de vinte anos de idade.

A Armada que foi a Ceuta levou com ela muita gente. Para além da fina flor da nobreza e da fidalguia portuguesa, que com o triunfo da Revolução Nacional de 1383-1385, sofreu como uma espécie de renovação ou ajustamento, também foram muitas gentes estrangeiras, aventureiros ingleses, alemães, franceses … e polacos, todos eles famintos de glória … e muito esperançados em bons saques, naturalmente. Também quem foi lá foi dom Nuno Álvares Pereira, sendo dele o dito que ficou famoso para a história: … espetar uma lança em África…

terça-feira, 15 de novembro de 2016

CASAMENTO DE D. JOÃO I

Brasão de Avis e de Lencastre
2 de Fevereiro de 1386 - realiza-se o casamento do Rei de Portugal, D. João I, com 29 anos e a filha do Duque, D. Filipa de Lencastre, com 28 anos.
Os Noivos foram recebidos por D. João III, 37 º Bispo do Porto, depois de obtida a dispensa de votos do Papa Urbano 6º, porque o rei era professor na ordem militar de S. Bento de Aviz, e seu grão- mestre.
D. João I entra no Porto pela Porta Nova em Miragaia, montado num cavalo branco, vestido de rica tela, e a rainha D. Filipa de Lencastre vinda directamente de Inglaterra pela Porta do Olival,  num cavalo da mesma cor, esplendidamente vestida, ambos com coroas de ouro, esmaltadas de pedras preciosas.
D. Lourenço, arcebispo de Braga, levou o cavalo de D. Filipa pela rédea.
Ambos são recebidos triunfalmente.
O casamento real realiza- se na Sé Catedral do Porto.
No banquete estiveram presentes nobres , clérigos e cavaleiros, portugueses e ingleses.
Foi mestre de sala, o condestável, D. Nuno Alvares Pereira.
As festividades incluíram banquetes, bailes, torneios e justas durante 15 dias.
Os reis ficaram a residir no Porto, foram mandados construir vários edifícios e abertas as ruas de S. João e a Rua Nova de S. Nicolau, depois chamada de rua dos Ingleses.
Desta união nascem D. Duarte (herdeiro do trono) e os infantes D. Pedro, D. Henrique, D. João e D. Fernando.  Camões chamar– lhes- á a Ínclita Geração (ilustre geração) .

D. João I
Dª Filipa de Lencastre

Casamento de D. João I e Dª Fiilipa de Lencastre
Azulejos da Estação de S. Bento da autoria de Jorge eColaço



Apresentacão do Livro: Cardoso, As mãos que trabalham a Filigrana

A capa do livro
É com muito gosto que aqui deixamos ficar a todos os nossos amigos a notícia da edição (em preparação já muito adiantada) de um livro sobre a Filigrana Portuguesa.
Os brincos de Vânia Fernandes
Tal livro tem como autores António José dos Santos Silva (texto) e Américo António de Sousa Pinto Brandão (imagens).
Este livro retracta o Mestre- Artesão  António Cardoso, cuja oficina se situa em Gondomar.
Obviamente que não vão receber o livro na integra, pois tal está reservado para quando for lançado. Nessa ocasião serão todos devidamente informados.
Vão receber a capa do livro e mais três imagens relativas aos brincos da Vânia Fernandes (vencedora do Festival da Canção e consequentemente concorrente no festival da Eueovisão de 2000), e também do Coração de Filigrana oferecido por Mário Ferreira (Douro Azul) a Sharon Stone, ambos da autoria do Mestre- Artesão António Cardoso.

Coração de Filigrana de Sharon Stone
António Cardoso e sua esposa Rosa Cardoso no seu
estabelecimento em Gondomar

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

CATEDRAL DA SÉ

Construção do século XII, no local onde existia uma antiga ermida. Estilo românico.
A primeira pedra terá sido colocada pela Rainha D. Teresa, por volta de 1125.
Pela lenda, a rainha D. Mafalda terá colocado a última pedra da catedral.
O Bispo D. Pedro Pitões, aqui recebeu os cruzados nórdicos que, em 1147, entraram na barra do Douro, convencendo-os a auxiliarem o Rei Português na conquista de Lisboa.D. João I aqui se casou com Dª. Filipa de Lencastre em 1387.
Iimagem medieval de
 Nossa Senhora da Vandoma
Na Torre do lado Norte encontra - se um baixo relevo, que representa uma embarcação do século XIV, que simboliza a vocação marítima da cidade.
De salientar no seu interior, a Sacristia, a imagem medieval da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Vandoma, o Claustro (construído no reinado de D. João), a capela de João Gordo colaborador de D. Dinis e cavaleiro da Ordem dos Hospitalários, com um túmulo gótico, a Sala do Capítulo, o Tesouro , as Pinturas e escadaria de Nicolau Nazoni, o retábulo em Talha Dourada, o célebre altar de prata, executado desde 1632 até ao século XIX (Este altar foi salvo das tropas francesas em 1809 por meio de uma parede de gesso falsa construída à sua frente) , a Capela de S. Vicente (onde se encontram os túmulos de vários Bispos do Porto), o Sino da Câmara ou de Correr de 1778 e o Sino de Relógio da Cidade de 1697.
No Claustro Velho , existia uma capela de culto a Santiago, que fazia parte do Caminho de Santiago para os peregrinos. Actualmente esta capela está colocada num altar dentro das naves do edifício.
O altar- mor , construído entre 1727-1729, foi projectado por Santos Pacheco e esculpido por Miguel Francisco da Silva.
Na fachada principal, a rosácea gótica com a vieira aureolada de Santiago Maior, representa a lenda que Santiago terá estado em Calle, onde terá sagrado São Basileu (também se encontra na Sé do Porto) como primeiro bispo do Porto.
Sacristia
Claustros


Capela de João Gordo
Torre Norte -  Baixo relevo,
 representativo de embarcação do século XIV
Tesouro da Sé - Sino da Câmara